segunda-feira, 23 de setembro de 2019
quarta-feira, 3 de abril de 2019
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL DECLARA INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA DO ESTATUTO DA APOSENTAÇÃO
Pensões devem ser pagas de
acordo com o regime vigente à data do pedido de aposentação
Foi publicado em Diário da
República o Acórdão do Tribunal
Constitucional n.º 134/2019, de 27 de Fevereiro, que veio determinar a
inconstitucionalidade da alteração introduzida ao Estatuto da Aposentação pela
Lei do Orçamento do Estado para 2013 (Lei nº 66-B/2012, de 31 de Dezembro),
pela qual se determinou então que, nas situações de aposentação voluntária
requeridas à Caixa Geral de Aposentações, o cálculo das pensões se regeria pela
lei em vigor no momento em que for proferido o despacho a reconhecer o direito
à aposentação.
As frequentes alterações à legislação
em matéria de aposentação e mesmo os efeitos do crescente corte no valor das
pensões pela alteração do factor de sustentabilidade tornam esta declaração de
particular importância, criando um quadro de maior previsibilidade e segurança
jurídica para quem requer a sua aposentação, na medida em que a sua pensão será
calculada de acordo com as regras que o trabalhador conhece ao momento do seu
pedido.
É de notar que a argumentação aduzida pelo Tribunal
Constitucional neste Acórdão é mais abrangente que em anteriores situações,
fundamentando a declaração de inconstitucionalidade com base não apenas no
princípio da segurança jurídica, mas igualmente no princípio da protecção da
confiança, reconhecendo a necessidade de corresponder às legítimas expectativas
dos cidadãos.
Esta decisão
do Tribunal Constitucional, com força obrigatória geral, obrigará ao recálculo
de muitas pensões atribuídas desde 2013, dando razão à posição desde sempre
defendida pelos Sindicatos e reafirmando, com argumentos reforçados, um
princípio da mais basilar justiça.
Deve ainda
ser salientado que a declaração da inconstitucionalidade da norma vertida no artigo
43.º, n.º 1 do Estatuto da Aposentação pelo Acórdão em causa, e
independentemente das divergências argumentativas que determinaram várias
declarações de voto, foi tomada por unanimidade.
O Acórdão em causa pode ser
consultado nos links abaixo:
terça-feira, 26 de março de 2019
RESOLUÇÃO DO SECRETARIADO NACIONAL
BREXIT
QUEM
TEM MEDO DE UM SEGUNDO REFERENDO?
Com as datas de 12 de abril e de
22 de maio previstas para a resolução do imbróglio em que os britânicos
transformaram o BREXIT, não apenas para toda a União Europeia, mas sobretudo
para os trabalhadores e suas famílias, a UGT e o movimento sindical não podem
deixar de se colocar ao lado daqueles que procuram as soluções e não ao lado
daqueles que cavam problemas.
Os trabalhadores portugueses a
viver e a trabalhar no Reino Unido e os trabalhadores britânicos e suas
famílias a viver noutros países da União Europeia esperam soluções justas e
adequadas.
O processo desencadeado nos
termos do artigo 50º do Tratado de Lisboa parece tudo, menos concluído. Não
havendo ainda uma opção clara no sentido de uma retirada ordenada, nos termos
do Acordo já alcançado, nem uma opção de retirada sem qualquer Acordo, nem
totalmente excluído o recurso a um novo Referendo, a UGT, no espírito de
solidariedade sindical para com os nossos parceiros dos TUC, mas também num
movimento que engloba a maioria das confederações sindicais do Velho
Continente, apela a que o Governo de
Portugal esteja disponível nas negociações com o Reino Unido para uma terceira
via que não seja apenas o critério do “sim ou sopas”, isto é, ou Acordo ou
Não-Acordo.
Será preciso que “uma terceira via seja encontrada de modo a proteger os
trabalhadores, a economia e uma fronteira irlandesa aberta… Uma nova abordagem
é necessária para garantir tais propostas - seja
através de votos com propostas concretas, seja com outro mecanismo de
compromisso” conforme consta de
missiva entregue ao Governo da senhora May pelos Parceiros Sociais do Reino
Unido.
Assim, a UGT defende que um novo Referendo relegitimaria a tomada de
decisão das autoridades do Reino Unido, dado que os eleitores estão hoje mais e
melhor esclarecidos acerca das consequências de uma saída da UE.
A UGT não só acompanha esta
posição dos seus parceiros sindicais europeus, quer do Reino Unido, quer da maioria
da Europa, como tem sido a sua posição colectiva desde que se começaram a
vislumbrar os verdadeiros problemas que trazia a saída do Reino Unido da União
Europeia para todos os europeus.
Não há que ter medo de referendos, principalmente quando os decisores
políticos estão num constante impasse na tomada de decisões.
Afinal, quem tem medo de dar a voz ao povo britânico numa questão de
crucial importância para o seu futuro, e para o próprio futuro da Europa?
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
UGT REJEITA ATAQUES AO DIREITO À GREVE
Governo deve assumir responsabilidades e negociar com
os sindicatos
A UGT ouviu e ponderou as
recentes declarações da Ministra da Saúde, secundadas e respaldadas pelo
Primeiro-Ministro, nas quais, a propósito da greve dos enfermeiros, foi
desferido um profundo ataque ao exercício legítimo do direito à greve.
Nas várias declarações
proferidas, foram suscitadas “questões éticas e deontológicas” e utilizadas
expressões como greve “selvagem” e que atenta contra a “dignidade dos doentes”.
Mas
afinal o que atenta realmente contra a dignidade dos doentes?
Mas
afinal o que coloca em causa o Serviço Nacional de Saúde?
É
um Sindicato que convoca legitimamente uma greve? É um sindicato que
cumpriu todos os procedimentos necessários a que a mesma se realize? É um
sindicato que tem cumprido escrupulosamente – e mesmo excedido - os serviços
mínimos fixados por um tribunal arbitral?
Ou
será antes um Governo que tem sido incapaz de resolver os problemas e o estado
de degradação que atingiu o Serviço Nacional de Saúde?
Os atrasos insustentáveis e
crescentes das listas de espera para as cirurgias, os anos que demoram a
marcação de consultas de especialidade, a falta de condições em que trabalham
os profissionais de saúde e com que os utentes se confrontam são também culpa
dos sindicatos?
Isso sim coloca em risco a vida e
a dignidade dos doentes!
E, cada vez mais, suscita
questões éticas e deontológicas e convoca para uma reflexão sobre o nosso
Serviço Nacional de Saúde e o nosso Estado Social!
O direito à greve, a fixação de
serviços mínimos, a possibilidade de requisição civil têm um quadro próprio,
conformado pela Constituição da República Portuguesa, pela lei, pelo Supremo
Tribunal Adminstrativo e mesmo por compromissos internacionais do Estado
Português com organizações como a Organização Internacional do Trabalho e o
Conselho da Europa.
O direito à greve, dura conquista
dos trabalhadores e dos sindicatos na nossa Democracia, é exercido livremente
há décadas em Portugal.
A
UGT não aceita e considera lamentável a criação de um clima de ameaça e de
suspeição por parte de quem tenta esconder a sua inconsistência política,
a incapacidade de quem não conhece e não sabe gerir o seu espaço e a falta de
vontade para negociar com tentativas de desviar a atenção dos portugueses dos
verdadeiros problemas e atacando e desconsiderando
tudo e todos: o movimento sindical, as decisões de tribunais
arbitrais, o entendimento anterior da Procuradoria Geral da República sobre a
legitimidade deste tipo de greves e, em última instância, o próprio direito à
greve, direito fundamental e instrumento legítimo de luta dos trabalhadores em
qualquer Estado de Direito Democrático.
A
UGT e os seus Sindicatos têm revelado sempre vontade e capacidade para negociar
e atingir consensos e compromissos.
Cabe à Ministra da Saúde e a todo
o Governo assumirem a mesma atitude, parar com os avanços e recuos permanentes
que apenas descredibilizam os processos negociais, abandonar a estratégia de
desgaste dos sindicatos e deixar de esconder a falta de respostas com ataques a
direitos fundamentais como a greve.
Cabe
à Ministra da Saúde e a todo o Governo pôr termo a um crescente e sempre
indesejável clima de conflitualidade social e iniciar um esforço sério de
negociação com os sindicatos que
sempre revelaram abertura para discutir e resolver os problemas dos
Profissionais de Saúde e do Serviço Nacional de Saúde.
É este o repto que deixa a UGT.
Pelo
Direito à Greve dos Trabalhadores!
Pelo
Direito à Saúde dos Portugueses e pela Dignidade dos Doentes!
Pelo
Serviço Nacional de Saúde, pelo Estado Social e pelo Estado de Direito
Democrático!
O Secretariado Executivo da UGT
Lisboa, 5 de Fevereiro de 2019
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
UGT apoia as lutas da administração pública
- Pelo diálogo, pela negociação e pela melhoria dos salários e das condições de trabalho de todos os funcionários públicos
- Contra a degradação dos serviços públicos que a todos servem
Os sindicatos da Administração Pública filiados na UGT decidiram avançar para uma greve geral de todo o sector no próximo dia 15 de Fevereiro.
É uma greve da total e exclusiva responsabilidade do Governo. Enquanto empregador, tem demonstrado profunda indisponibilidade, na generalidade dos processos negociais, dando um mau exemplo para o sector privado e para o País sobre o que deve ser o real espírito de negociação e de compromisso. A negociação dos salários para os funcionários públicos, ou a falta dela (porque negociar não é só reunir), é um claro exemplo de uma injustificada intransigência. A situação económica do País, a melhoria das contas públicas, a criação de almofadas financeiras e a antecipação dos pagamentos aos credores internacionais tornam evidente que estão reunidas todas as condições para que o Governo garanta, em 2019, um aumento dos salários para todos os funcionários públicos, facto que a UGT já reclamava em 2018, mas que o Governo, obstinadamente, recusou. Sempre defendemos a necessidade de consolidação orçamental, mas também sempre rejeitámos uma política regida pela obsessão do défice e da dívida, que o Governo – mesmo numa situação económica mais favorável – insiste em manter, e de que tanto acusou o Governo anterior, quando o PS estava na oposição. O que é prioritário? Obter défice zero em 2019? Ou valorizar os funcionários públicos e garantir o investimento necessário para que os serviços públicos e o Estado Social escapem à situação de ruptura e degradação a que temos vindo a assistir?
A política salarial do Governo está centrada, quase exclusivamente, na melhoria dos mais baixos rendimentos, o que do ponto de vista da equidade social até pode parecer sensato e justo. Mas a verdade é que a melhoria dos salários destes trabalhadores nem sequer se equipara aos aumentos salariais aplicados aos pensionistas.
Na prática, esta política salarial acaba por aprofundar sacrifícios e injustiças, sempre à custa daqueles que foram os mais lesados durante o período da crise, os trabalhadores mais qualificados e com salários médios ou acima da média, que viram os cortes nos seus rendimentos aplicarem-se ao longo de demasiado tempo e de forma dramática, para não dizer violenta em muitos casos.
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