BREXIT
QUEM
TEM MEDO DE UM SEGUNDO REFERENDO?
Com as datas de 12 de abril e de
22 de maio previstas para a resolução do imbróglio em que os britânicos
transformaram o BREXIT, não apenas para toda a União Europeia, mas sobretudo
para os trabalhadores e suas famílias, a UGT e o movimento sindical não podem
deixar de se colocar ao lado daqueles que procuram as soluções e não ao lado
daqueles que cavam problemas.
Os trabalhadores portugueses a
viver e a trabalhar no Reino Unido e os trabalhadores britânicos e suas
famílias a viver noutros países da União Europeia esperam soluções justas e
adequadas.
O processo desencadeado nos
termos do artigo 50º do Tratado de Lisboa parece tudo, menos concluído. Não
havendo ainda uma opção clara no sentido de uma retirada ordenada, nos termos
do Acordo já alcançado, nem uma opção de retirada sem qualquer Acordo, nem
totalmente excluído o recurso a um novo Referendo, a UGT, no espírito de
solidariedade sindical para com os nossos parceiros dos TUC, mas também num
movimento que engloba a maioria das confederações sindicais do Velho
Continente, apela a que o Governo de
Portugal esteja disponível nas negociações com o Reino Unido para uma terceira
via que não seja apenas o critério do “sim ou sopas”, isto é, ou Acordo ou
Não-Acordo.
Será preciso que “uma terceira via seja encontrada de modo a proteger os
trabalhadores, a economia e uma fronteira irlandesa aberta… Uma nova abordagem
é necessária para garantir tais propostas - seja
através de votos com propostas concretas, seja com outro mecanismo de
compromisso” conforme consta de
missiva entregue ao Governo da senhora May pelos Parceiros Sociais do Reino
Unido.
Assim, a UGT defende que um novo Referendo relegitimaria a tomada de
decisão das autoridades do Reino Unido, dado que os eleitores estão hoje mais e
melhor esclarecidos acerca das consequências de uma saída da UE.
A UGT não só acompanha esta
posição dos seus parceiros sindicais europeus, quer do Reino Unido, quer da maioria
da Europa, como tem sido a sua posição colectiva desde que se começaram a
vislumbrar os verdadeiros problemas que trazia a saída do Reino Unido da União
Europeia para todos os europeus.
Não há que ter medo de referendos, principalmente quando os decisores
políticos estão num constante impasse na tomada de decisões.
Afinal, quem tem medo de dar a voz ao povo britânico numa questão de
crucial importância para o seu futuro, e para o próprio futuro da Europa?
A UGT respeita, obviamente, as
decisões soberanas das Instituições democráticas do Reino Unido, mas também respeita a decisão, e compreendê-la-ia como
“boa decisão”, daqueles milhões que, perante o impasse a que se chegou,
cimentado na dúvida e na incerteza sobre os verdadeiros pressupostos que foram
defendidos por demagogos e populistas em 2016, querem pronunciar-se, de novo,
através de uma nova auscultação aos eleitores em novo Referendo, na plena
convicção de que, deste segundo referendo, sairia reforçada a legitimação de
uma futura decisão.
Desde o início deste atribulado
processo que a CES - Confederação Europeia de Sindicatos - alertou para o
impacto, potencialmente devastador, de um Brexit desordenado, com consequências
nefastas para a economia e o emprego, não só no Reino Unido, mas também na
União Europeia e, designadamente, em Portugal.
Também por isso, a UGT tem acompanhado
o Governo de Portugal no seu Plano de Contingência para uma saída do Reino
Unido sem Acordo, e acompanha as posições já tomadas da União Europeia e do
Governo de Portugal para a saída com Acordo.
Contudo, a UGT exige que os decisores políticos
nacionais e europeus tudo façam para salvaguardar os empregos e os direitos
sociais adquiridos ao longo dos anos pelos trabalhadores, não apenas nos vários
diplomas legislativos promulgados ao longo da construção europeia, mas
sobretudo no novo Pilar Europeu dos Direitos Sociais, tão arduamente negociado
e conquistado, de forma tripartida, nesta Europa em que acreditamos e em que
queremos continuar, empenhadamente, a reforçar na sua coesão e desenvolvimento.
A UGT considera, também, que
todas as partes se devem empenhar em soluções exequíveis, evitando sempre uma
saída desordenada.
Assim, não podemos deixar de registar, pela
positiva, o plano de contingência que as autoridades portuguesas desenvolveram
e que está preparado para evitar danos maiores, nomeadamente para a circulação
de pessoas e bens.
A UGT regista e enaltece que,
da parte do Governo de Portugal e da parte da Comissão Europeia tivesse havido
a permanente preocupação de informação aos parceiros sociais em todo este
processo. Também, neste sentido,
tratando-se de uma matéria tão relevante, a UGT
não se exime das suas responsabilidades e manifesta a sua total disponibilidade
para se continuar a envolver na solução que sobre o BREXIT vier a ser
encontrada. Na sua qualidade de parceiro social que representa trabalhadores
portugueses, manter-se-á sempre intransigente na sua defesa e das suas
famílias.
SOLIDARIEDADE
INTERNACIONAL
A UGT está profundamente
consternada com os nefastos e violentos acontecimentos das últimas semanas.
A intolerância e a
discriminação adquiriram nos últimos anos uma visibilidade a que não estávamos
habituados. As redes sociais criaram
um espaço mediatizado a que qualquer pessoa pode aceder e que vem cultivando um
discurso do ódio, de intolerância e de violência.
O movimento sindical nacional e
internacional, cujo berço radica na solidariedade, tem o dever de estar
consciente do perigo para a democracia da vulgarização do discurso do
ódio e da intolerância. Nunca é de mais sublinhar o empenho da UGT em todas as
questões relacionadas com os Direitos Humanos, com a inclusão social, com a
igualdade de género, de raça, de religião, entre tantos outros por que se pauta
o sindicalismo democrático, plural, tolerante e humanista.
A UGT não pode deixar de
sublinhar a sua indignação pelos atentados ignóbeis ocorridos nas últimas
semanas na Nova Zelândia e na Holanda, e manifesta a sua solidariedade com a
dor que estes dois povos estão a sentir e reafirma que os valores da democracia
nunca se renderão aos criminosos autores de infames atentados, nem a atávicas
reações populistas.
UMA
PALAVRA AO POVO IRMÃO DE MOÇAMBIQUE
A UGT e as suas organizações
filiadas estão enlutadas pelos trágicos danos provocados pela passagem de um
furacão na região da Beira, no país irmão de Moçambique.
Neste momento de especial
consternação pelas centenas de vítimas e o rasto de destruição que afecta
milhares de pessoas, a UGT solidariza-se com o povo moçambicano e com todos
aqueles que perderam entes queridos.
Nesta ocasião, foi endereçada
uma mensagem de solidariedade e amizade à OTM – Organização dos Trabalhadores
de Moçambique, na pessoa do seu Presidente, Alexandre Munguambe.
Sabemos que, mais do que
palavras, o povo de Moçambique precisa de ajuda humanitária, bens médicos e
sanitários, alimentos, vestuário e muitos outros bens de primeira necessidade.
Enaltecemos a disponibilidade e
generosidade do governo português, no apoio imediato a Moçambique e o envio de
pessoal para apoiar os sobreviventes desta calamidade, bem como do Senhor Presidente da República e de várias
Organizações da Sociedade Civil, numa verdadeira concertação de esforços a
favor de uma causa maior.
Instamos todos os nossos
filiados a, na medida das suas possibilidades, a ajudar os nossos irmãos de
Moçambique, designadamente através de apoio direto aos sindicatos com quem os
nossos filiados mantêm relações privilegiadas de amizade e cooperação.
O Secretariado Nacional da UGT, reunido na sua
sede, em Lisboa, no dia 26 de Março de 2019, une-se em espírito com os seus
irmãos de Moçambique e com todos os que sofreram os bárbaros atentados
perpetrados na Nova Zelândia e na Holanda, respeitando 1 minuto de silêncio em
memória de todos os que sofreram e sofrem com estas tragédias.
ELEIÇÕES
PARA O PARLAMENTO EUROPEU DE 2019
- DECLARAÇÃO
DOS PARCEIROS SOCIAIS EUROPEUS -
“A União
Europeia assegurou uma paz duradoura em todo o nosso continente e reuniu os
cidadãos europeus em torno dos valores fundamentais da democracia, dos direitos
humanos, da liberdade e da igualdade.
A democracia
precisa ser vivida para se manter viva. Por conseguinte, instamos os cidadãos
de toda a Europa a participarem nas eleições europeias de 23 a 26 de Maio de 2019,
a fim de poderem intervir sobre o futuro e defender a democracia, o crescimento
económico sustentável e a justiça social.
A UE tem
sido fundamental para tornar o modo de vida europeu o que é hoje. Trouxe um
progresso económico e social sem precedentes e continua a trazer benefícios
tangíveis para os cidadãos, trabalhadores e empresas em toda a Europa.
Estes são
tempos incertos para a Europa e para o mundo. Estamos a caminho da recuperação,
mas as consequências económicas e sociais da crise podem ainda ser sentidas
pelos cidadãos, trabalhadores e empresas. Algumas pessoas questionam ou até
rejeitam o projeto europeu. Enfrentamos enormes desafios - tensões
internacionais, redefinindo as relações UE-Reino Unido, migração, desemprego,
falta de perspetivas para a nossa juventude, as alterações climáticas e a
transformação digital e, em vários países, o aumento das desigualdades
económicas e sociais. Mas a resposta não é puxar a ponte levadiça e recuar –
devemos sim, levantar-nos e agir em união.
O projeto da
UE tem de permanecer resiliente e forte e nós, parceiros sociais europeus,
acreditamos que ele pode continuar a ajudar-nos a enfrentar os nossos desafios
e a conceber um futuro melhor para a Europa, os seus cidadãos, trabalhadores e
empresas.
A Europa
ainda é um dos melhores lugares do mundo para se viver, trabalhar e fazer
negócios. Temos muito do que nos orgulhar e valorizar, e devemos continuar a
construir juntos.
Neste
espírito, continuaremos a contribuir para um projeto europeu de sucesso e uma
Europa unida que proporcione aos seus trabalhadores e empresas, concentrando-se
em iniciativas que melhorem a sua vida quotidiana e ofereçam um futuro melhor,
cheio de oportunidades para todos.” (DECLARAÇÃO DOS PARCEIROS SOCIAIS EUROPEUS)
UGT ESTREITA COOPERAÇÃO COM A AMÉRICA LATINA
Nos próximos dias 27, 28 e 29 de Março, a UGT e 20
confederações sindicais da América latina, representando cerca de 25 milhões de
trabalhadores, debaterão, em Lisboa, a convite da UGT, a situação social, política
e económica nos diversos países participantes.
Portugal e Brasil, Colômbia, México, Peru, Chile,
Curaçao, Aruba, Equador, Bolívia, El Salvador, Costa Rica, Venezuela e Cuba
estarão entre nós, numa partilha de experiências e conhecimentos, de análise às
problemáticas do emprego e da economia, aos problemas do meio ambiente, à
igualdade de oportunidades, à saúde da democracia e das liberdades políticas e
sindicais e aos direitos humanos, de entre os quais destacamos o direito ao
trabalho.
Com a presença do Ministro do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social, dos Secretários de Estado do Emprego, das Comunidades
Portuguesas e da Internacionalização da Economia, da Diretora do Escritório da
OIT de Lisboa e da delegação da Organização dos Estados Americanos em Lisboa,
de representantes do CESE (Comité económico e social europeu) e de muitos
dirigentes sindicais da UGT, terminará no dia 29 com uma receção pelo
Presidente da República, em Belém.
A UGT posiciona-se, desta forma, como um interlocutor de
grande dimensão na comunidade Ibero Americana, depois de ter estado sempre
bastante atenta e participativa na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
onde tomam parte Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e
Príncipe, Brasil, Macau e Timor.
UGT AO LADO DE QUEM LUTA PELA VALORIZAÇÃO DAS SUAS
CARREIRAS
Nos últimos dias (21 e 22 de Março) houve greve do
pessoal NÃO DOCENTE que encerrou centenas de escolas em todo o país, lutando
pela dignidade e valorização da sua profissão.
E no sábado, dia 23, dezenas de milhares de professores
desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, lutando pelo reconhecimento do
tempo de serviço que prestaram ao longo de 9 anos, 4 meses e 2 dias, que o
Governo, teimosamente, insiste em não querer considerar.
No próximo mês de Abril os enfermeiros preparam-se para
novas jornadas de luta.
A UGT não pode
deixar de apoiar quem luta e quem não desiste.
Em todos os casos estivemos e estaremos lá, onde se
encontrarem homens e mulheres, portugueses e não portugueses, que reivindiquem
correcção de injustiças na sua vida profissional.
A UGT é uma confederação de sindicatos e a sua relevância
no país levou-a à concertação social e a muitos outros patamares de intervenção
e influência na sociedade portuguesa e a nível internacional.
Seja qual for o argumento daqueles que defendem outros
interesses (e alguns até pessoais) cabe à UGT bater-se SEMPRE pela essência a
que está vinculada – sem medos, nem subterfúgios, ou argumentos esfarrapados de
quem persegue outros objectivos diferentes daqueles que presidem ao movimento
sindical.
A UGT está ao lado dos que lutam, vivem e sobrevivem a
lutar e a resistir, a negociar e a assumir compromissos, a valorizar o diálogo,
sem desprezar a luta nas ruas e nos locais de trabalho.
É este o seu papel na sociedade portuguesa.
E de vez em quando há que relembrá-lo.
Para que não nos desviemos da nossa memória histórica e
de todos quantos nos antecederam, sabendo que A UGT ESTÁ SEMPRE DO LADO DOS
TRABALHADORES.
Lisboa, 26 de Março
de 2019
Aprovada por Unanimidade e Aclamação
O Secretariado Nacional
Sem comentários:
Enviar um comentário