quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TAXA DE DESEMPREGO DIMINUI EM 2014

De acordo com os dados hoje publicados pelo INE, em 2014 a taxa de desemprego em Portugal diminuiu para 13.9%, depois de ter atingido o valor mais alto de sempre em 2013 (16.2%).
Este valor traduz-se em 726 mil pessoas desempregadas, ou seja menos 129.2 mil (-15.1%) do que em 2013. O valor agora apresentado fica abaixo das previsões do Governo no Relatório do Orçamento de Estado para 2015, onde a previsão era de 14.2%.
Para a UGT, esta diminuição do desemprego é positiva mas deixa-nos algumas reservas uma vez que o fraco crescimento económico (1%) registado até ao 3º trimestre do ano (ainda não são conhecidos os dados do 4º trimestre) não é suficiente para uma diminuição do desemprego tão expressiva (- 15.1%).
No seu Boletim de Inverno, o Banco de Portugal levantou algumas reservas quanto à evolução do mercado de trabalho em Portugal no último ano. De acordo com aquela Instituição, muito do emprego criado é justificado pelos estágios profissionais financiados pelo Governo, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Esta é uma situação bastante preocupante, dado o carácter incerto destas medidas, uma vez que com o fim destes estágios, o desemprego poderá voltar a aumentar, afectando negativamente não só as condições de vida e o bem-estar dos trabalhadores e suas famílias, mas também os níveis de produtividade e competitividade das empresas.
Os dados agora revelados mostram bem a precariedade dos empregos criados em 2014, uma vez que se regista um maior aumento dos contratos com termo (+5.7%) face aos contratos sem termo (4.4%). Perante este cenário a UGT considera fundamental a promoção da qualidade do emprego criado. Não é suficiente promover e monitorizar a criação de empregos, é fundamental promover e monitorizar também a qualidade do emprego nas suas múltiplas dimensões, tais como a segurança do emprego, a qualidade intrínseca do emprego, o diálogo social, as desigualdades salariais, entre outras. Note-se que nos últimos meses do ano a taxa de desemprego já voltou a aumentar, embora ligeiramente, depois de ter registado mais de 18 meses de descidas consecutivas, tendo atingido o valor mais baixo em Setembro (13.3%). Reflexo desta evolução é o facto da taxa de desemprego no 4º trimestre ter subido face ao trimestre anterior. No último trimestre do ano a taxa de desemprego foi de 13.5%, ou seja estavam desempregadas 698.3 mil pessoas (+ 9.4 mil do que no trimestre anterior). No 3º trimestre a taxa de desemprego tinha sido 13.1%, o equivalente a 688.9 mil desempregados. Na análise dos dados hoje apresentados pelo INE, existem ainda duas realidades que nos merecem especial atenção: 1. Desemprego Jovem: apesar de ter vindo a diminuir, seguindo a tendência geral, o desemprego jovem mantém-se em níveis demasiado elevados, atingindo mais do dobro da taxa de desemprego total. Em 2014 a taxa de desemprego entre os 15 e os 24 anos foi de 34.8%, atingindo 131.4 mil jovens desempregados (menos 17 mil do que em 2013). 2. Desemprego de Longa Duração: apesar de registar uma diminuição (-10.4%) face ao ano anterior, o desemprego de longa duração (desempregados há pelo menos 12 meses), representa cerca de 65.5% (475.8 mil) do desemprego total, A situação é ainda mais preocupante se tivermos em consideração que do total dos desempregados de longa duração, 67.2% (319.6 mil) se encontram no desemprego há pelo menos 2 anos, revelando grandes dificuldades de reinserção dos desempregados no mercado de trabalho.

Após vários anos de austeridade e com o fim do Programa de Ajustamento Financeiro, a UGT considera que em 2015 é fundamental dar prioridade a políticas que promovam maior crescimento e emprego, em especial através de mais e melhor investimento público, que estimule o desenvolvimento e a competitividade do País.
É preciso criar condições para o reforço do investimento privado e, através do crescimento real dos salários e das pensões, permitir a recuperação do consumo privado, importante alavanca para o crescimento económico.
Para a UGT, apesar da diminuição da população desempregada em 2014, o desemprego permanece ainda a níveis elevados, pelo que o seu combate deve ser uma das prioridades da política económica e social.
04.02.2015

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