sexta-feira, 11 de maio de 2012

Secretariado Nacional da UGT – 10/5/12



Resolução
      Considerando que:
-          O desemprego atinge os valores mais elevados de sempre e continua a crescer;
-          O Governo faz previsões de evolução do desemprego que apenas reflectem a crise económica e consequente recessão (decréscimo do produto), parecendo ter-se demitido de combater ou controlar o aumento do desemprego;
-          Não existem políticas sectoriais dirigidas aos sectores em que o aumento de desemprego tem evoluído mais aceleradamente;
-          O IEFP, principal responsável pelas políticas activas de emprego, vive um clima de instabilidade face à não aprovação da lei orgânica e à indefinição relativa aos Centros de Empregos e aos Centros de Formação Profissional;
-          A actividade do IEFP tem vindo a diminuir no apoio dado aos desempregados, havendo uma diminuição do número de técnicos de emprego, apesar do aumento do número de desempregados;
-          A Segurança Social não tem sido factor de confiança e segurança, fundamental em tempos de crise, antes tem vindo a ser utilizada para combater o défice orçamental, com consequente redução do nível de protecção social que deve assegurar;
-          O Governo tem disposto do regime contributivo sem diálogo com os parceiros sociais, apesar do seu financiamento ser assegurado a 100% pelas contribuições dos trabalhadores e dos empregadores;
-          As estruturas de diálogo social na Segurança Social se encontram praticamente paralisadas.
O Secretariado Nacional da UGT decide que:
-          São indispensáveis e urgentes medidas de crescimento e emprego que contrabalancem as medidas de austeridade ligadas à redução do défice do Orçamento do Estado e do desequilíbrio das contas externas – só com Crescimento e Emprego haverá diminuição do desemprego;

-          É fundamental promover políticas de emprego que respondam adequadamente à crise, pelo que aponta 10 áreas de intervenção que considera fundamentais;
-          É indispensável que a Segurança Social seja um garante da confiança e da segurança indispensáveis para combater a crise, indicando-se 7 áreas de intervenção prioritárias;
-          São importantes as reformas estruturais que promovam a Competitividade, mas devem evitar-se reformas casuísticas que agravam o clima social, fortemente afectado pelo aumento do desemprego e da pobreza e exclusão;

Políticas de Emprego
1.       Dinamização do investimento público e privado em áreas de forte geração/manutenção de postos de trabalho como o Programa de reabilitação urbana, um Programa de recuperação das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias e portuárias (em articulação com as autarquias locais), a aposta no sector agro-alimentar e do mar, a dinamização dos sectores de transportes internacionais e a manutenção do sector do turismo, com definição clara das metas de investimento público e dos incentivos para a dinamização do sector privado, com quantificação dos impactos previsíveis na área do emprego;
2.       A definição de políticas sectoriais de apoio à manutenção de postos de trabalho, em sectores em que o desemprego tem evoluído mais aceleradamente (construção civil, restauração, pequena distribuição,…) ou com fortes impactos transversais na competitividade da economia portuguesa, a nível de exportações e do mercado interno (grande distribuição, fornecimento de serviços, energia, transportes,…).
3.       A operacionalização plena dos Centros de Emprego e Formação, com reforço dos meios humanos, melhoria da eficácia de gestão e melhor resposta às necessidades dos desempregados e das empresas.
4.       A rápida aprovação de programas de emprego previstos no Compromisso Tripartido para o Crescimento, a Competitividade e o Emprego, com a possibilidade de acumular salário com parte do subsídio de desemprego, a melhoria da certificação profissional e o reforço da orientação escolar e profissional.
5.       A plena utilização de Programas prioritários hoje em clara subutilização, como são os Programas de Estágios, de Aprendizagem e o Estímulo 2012, bem como uma adequada fiscalização dos programas ocupacionais, em especial dirigidos a desempregados subsidiados ou com rendimento social de inserção, evitando situações de ocupação abusiva de postos de trabalho normais.
6.       A dinamização dos Programas de melhoria das qualificações, inicial e contínua com recurso quer ao sistema educativo, no relativo à formação qualificante inicial de jovens (a nível do ensino secundário), quer aos Centros de Gestão Directa (com particular responsabilidade na formação e requalificação de desempregados) e dos Centros de Gestão Protocolar (vocacionados para a formação contínua), cuja acção deve ser devidamente articulada com a acção dos Centros de Emprego.
7.       O rápido lançamento do Programa de empregabilidade e qualificação dos jovens Impulso Jovem – que deve ser orientado para oferecer uma oferta adequada a todos os jovens desempregados até aos 25 anos (cerca de 160.000).
8.       A dinamização da Negociação Colectiva, que não pode continuar comprometida por parte do Governo e das Associações Patronais, sendo urgente pôr a funcionar adequadamente os serviços de conciliação, mediação e arbitragem e um compromisso bi e trilateral relativa ao desenvolvimento  do processo negocial. A UGT considera urgente a criação do Centro de Relações Laborais, para apoiar a negociação colectiva.
9.       O lançamento de um Programa de Qualificação e Emprego na Administração Pública, orientado para uma melhor gestão e qualificação dos recursos humanos, com uma adequada gestão previsional de efectivos e a devida participação dos Sindicatos em articulação com a melhoria de gestão, que tem que ter por bases a estabilidade orgânica, o objectivo da melhoria de resposta da Administração aos cidadãos e às empresas e nunca a redução sistemática de efectivos que põe em causa  a qualidade dos serviços e diminui o papel do Estado nas áreas económica e social, cada vez mais indispensável.
10.   A melhoria da articulação das áreas do emprego e da educação, quer a nível das funções do IEFP e da ANQEP, quer da participação dos parceiros sociais, com especial atenção à gestão do Catálogo Nacional de Qualificações e da Formação Modular.
Segurança Social
1.       A melhor gestão do Regime Contributivo, com a devida participação dos parceiros sociais, garantindo a estabilidade do sistema, evitando alterações avulsas que criam instabilidade e insegurança e um acompanhamento próximo e permanente da evolução das receitas e despesas, combatendo comportamentos fraudulentos, por parte de empresas e beneficiários, tendo em atenção garantir a sustentabilidade financeira futura.
2.       A revisão das pensões mais baixas, que não podem nem devem continuar congeladas, em articulação com as prestações sociais de combate à pobreza e à exclusão;
3.       A manutenção do valor das prestações sociais, que não podem estar sujeitas a permanentes alterações casuísticas para pior, sem prejuízo do reforço do combate à fraude, mas com melhoria dos mecanismos de combate à pobreza e exclusão.
4.       A transparência nas Contas da Segurança Social, com publicação das receitas e despesas dos diferentes sub-regimes e respeito pela Lei de Bases da Segurança Social, com especial atenção à situação dos independentes e o devido combate à fraude relativa aos falsos trabalhadores independentes (recibos verdes).
5.       O acompanhamento da evolução do Subsidio de Desemprego e da aplicação das novas regras, visando em especial uma resposta célere aos pedidos de subsídio de desemprego e o apoio a famílias em especiais dificuldades.
6.       O Financiamento das Políticas Activas de Emprego com respeito pela Lei de Bases, recusando a utilização de fundos da Segurança Social para financiamento directo ou indirecto às empresas, bem como a utilização indevida do alargamento das quotas para as rescisões ditas amigáveis, que apenas contribuem para a escolha individual dos trabalhadores abrangidos e para acelerar os despedimentos e cuja intervenção casuística levanta as maiores dúvidas quanto à transparência dos processos.
7.       O respeito pela legislação em vigor no relativo aos mecanismos de informação, consulta e participação.
Feriados
A UGT regista a decisão do Governo de paridade dos feriados civis e religiosos e a sua entrada em vigor em 2013, em resposta à solicitação desta Central .
Consideramos que esta redução tem impactos muito negativos para os cidadãos, não sendo minimamente justificada por razões de competitividade, antes tendo efeito negativo sobre o emprego.
A UGT bater-se-á para que, logo que ultrapassado este período de crise, esta decisão venha ser anulada, repondo-se o número de feriados actualmente em vigor, nomeadamente tendo em vista o compromisso de futuramente se responder a esta questão.


Lisboa, 10 de Maio de 2012

Aprovada por unanimidade

Sem comentários:

Enviar um comentário